segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Como podemos esperar

Kyio Murakami
Como podemos esperar.
Aguardar o que nossas mãos possam reter.
Uma palavra. O olhar cúmplice. Se as coisas
têm já o estado do vento
o que nas ruas fica das vozes ao fim do dia.

Aguardar mais aguardar nada
quanto mais se repete uma palavra
«estou sentado virado para a parede desta casa»
baixo, mais baixo ainda,
«estou sentado virado para a parede desta casa».

Fazer que não haja sucedido o sucedido.
O prazer de sentir chegar as coisas
o riso sob a chuva
o frio que faz. Aqui

como podemos esperar uma noite de lua e vento?

Autor : João Miguel Fernandes Jorge
in "Direito de Mentir"

1 comentário:

Anónimo disse...

Belíssima poesia!O tempo esvai rapidamente,quando vemos, descobrimos que não o aproveitamos devidamente.
Abraço e uma ótima semana.