sábado, 1 de novembro de 2008

30

Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre.


Autor:António Franco Alexandre
In:Duende
Foto:jimij

1 comentário:

Átila Siqueira. disse...

Amo poemas assim, que falam da existência, da vida, da mutabilidade do mundo.

Adoro suas postagens.

Obrigado pela visita.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.