quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Nesgas do Azul

 

Não sei se a tua voz, ou se o murmúrio
do fim da tarde que se ouvia quase
como uma gota d'água que tombasse
em calmo lago ali alheio e mudo.

Nossos olhos retinham o crepúsculo
que lentamente audaz se aproximava
e pelo céu ainda alavam pássaros
que sulcavam as nesgas do azul.

Foi um momento singular aquele
em que os sentidos todos reunidos
apelavam ao gozo do silêncio:

um instante perene de certeza
de que era fogo aquilo que vivíamos,
que não se via: bramidor ardendo.

Autor :António Salvado
Imagem : Ilya Kisaradov

3 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Confesso a minha grande dificuldade em escrever poemas, sonetos, sem rima. Elogio e aplaudo que o saiba fazer. Gostei muito desta publicação.
.
Cordiais cumprimentos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

brancas nuvens negras disse...

Um momento memorável registado num poema de António Salvado com a qualidade que lhe conhecemos.
Um abraço.

Paula Saraiva disse...

Poema e foto lindíssimo .

Beijinhos