sábado, 4 de dezembro de 2021

Não tenho certezas

 

Não, não tenho certezas.
Se era esse o canto que vos atraía,
Deixai-me só nesta melancolia
De baixo, aberto e liso descampado
Quero viver, quero morrer, e quero
Que ao fim a soma seja um grande zero
Do tamanho da ardósia... E apagado.

Mas são desejos da fisiologia...
Vagas aspirações do dia-a-dia
Duma bilha de barro
Que não vale um cigarro
Que se fuma.
Não, não tenho certezas;
Tenho bruma.

Autor : Miguel Torga
Imagem :Laura Makabresku

3 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Na vida só existe uma certeza; É que nunca temos certezas de nada. Bela foto. Poema exemplar.
.
Feliz fim-de-semana
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Paula Saraiva disse...

Maravilhoso poema.

Adorei!

Beijinhos e um bom fim de semana

Cidália Ferreira disse...

Poema simplesmente fantástico!! :))
-
Diz a Criança, perspicaz ...
-
Beijo e um excelente fim de semana