agora que a paixão se demoveu de ti
são poucas as notícias que te trago.
as palavras bem podem ser
pequenos papéis atirados ao chão.
se o vento as levantar é porque ainda
haverá um livro de poemas
nas pontas dos dedos a ferir o espaço
para um último batimento.
deixaste-me assim com a paixão rápida
o funeral e os pássaros nos ramos
a aprender asneiras e as marchas de séculos
anteriores. recusaste um coração
a cercania das mãos
a destapar o rosto oculto.
agora é tarde
os poemas são vedações de florestas
que não podem crescer mais.
sem árvores o vento não sopra
e é pouco o que chega até ti.
Autor : Ana Salomé
In " Odes", Ed. Canto Escuro, s/c, 2008, p 94.
Imagem : Ildiko Neer
3 comentários:
Um poema muito bonito! ;)
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Coisas de uma Vida
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Beijo, e um bom dia!
Subtileza poética em poema muito intenso e profundo. Gostei muito de ler.
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Deixando um abraço
Cuide-se
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Um poema de desilusão ou, talvez, de despedida.
Boa Noite.
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