Fala também tu,
fala em último lugar,
fala em último lugar,
diz a tua sentença.
Fala —
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.
Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! —
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?
Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.
Autor : Paul Celan, in "De Limiar em Limiar"
Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno
3 comentários:
Um maravilhoso poema.
Doce fascínio poético.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Abraço poético
Excelente poema aqui nos traz!
Parabéns, pela belíssima partilha!
Grato, pela visita e gentil comentário.
Votos de ótima semana!
Beijinhos!
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