Nunca mais regressaste a casa desde agosto.
O teu lugar à mesa ficou vazio. Eu passei a coleccionar
os nomes de coisas distantes, sentei-me a desenhar
sistemas de coordenadas, soletrei os hemisférios
das palavras, regressei às zonas epidérmicas do toque,
à fome anatómica dos gestos, às regiões endémicas
dos sismos, à solidão unívoca das margens dos rios,
ao silêncio lento das magnólias. Trouxe o domingo
para dentro de casa e guardei-o junto ao parto
em que me deste à luz.
Digo: Os dias são todos de morrer.
Nenhuma das memórias que tenho de ti
sabe negar essa evidência.
Autor : José Rui Teixeira
4 comentários:
Um poema belo, no vazio do tempo.
A ausência é uma dor, mais ao domingo. A homenagem a quem deu vida.
Excelente.
Bom fim-de-semana, B
Um beijo
Sublime de ler
.
Feliz fim de semana
Deram lugar às botas!:))
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Nos labirintos da minha alma.
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Beijo e um excelente fim de semana.
Belo poema! Parabéns, pela excelente partilha!
Ótimo fim de semana!
Beijinhos!
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