sábado, 12 de dezembro de 2020

Nunca mais regressaste a casa desde agosto.

 


Nunca mais regressaste a casa desde agosto.
O teu lugar à mesa ficou vazio. Eu passei a coleccionar
os nomes de coisas distantes, sentei-me a desenhar
sistemas de coordenadas, soletrei os hemisférios
das palavras, regressei às zonas epidérmicas do toque,
à fome anatómica dos gestos, às regiões endémicas
dos sismos, à solidão unívoca das margens dos rios,
ao silêncio lento das magnólias. Trouxe o domingo
para dentro de casa e guardei-o junto ao parto
em que me deste à luz.

Digo: Os dias são todos de morrer.
Nenhuma das memórias que tenho de ti
sabe negar essa evidência.

Autor : José Rui Teixeira

4 comentários:

  1. Um poema belo, no vazio do tempo.
    A ausência é uma dor, mais ao domingo. A homenagem a quem deu vida.
    Excelente.
    Bom fim-de-semana, B
    Um beijo

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  2. Deram lugar às botas!:))
    --
    Nos labirintos da minha alma.
    -
    Beijo e um excelente fim de semana.

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  3. Belo poema! Parabéns, pela excelente partilha!
    Ótimo fim de semana!
    Beijinhos!

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