Cheguei a ter medo de te perder,tu não chegaste sequer a ter medo.
Este silêncio de já não termos palavras
ouve-se nas outras palavras que trocamos.
Miserável mundo nosso e alheio,
igual ao que todos disseram da sua época,
e pior, porque este vivemos nós
e conhecemos nós, cada um conforme pode.
Já morrerem os ídolos todos da infância
e os da adolescência vão a caminho,
sobrevivente é o teu olhar cego
(hoje há já só um dos Righteous Brothers).
Na feira de velharias uma caixa
para tabaco com uma rosa verde.
Tem o preço ainda em escudos, uma falha
num dos cantos, uma pequena cruz de cal.
Permaneces aí, à lareira, lendo livros vivos
e o seu turbilhão de palavras profundas.
Nunca mais chega o medo de nos perdermos,
eco um do outro em ricochete de silêncios.
Autor : Helder Moura Pereira
In Mútuo Consentimento
Foto: Jaroslow Blaminky
2 comentários:
Um belo poema, nostálgico, que nos leva até ao tempo de que temos saudades.
Imagem e poema lindíssimos que muito gostei de ver e ler.
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Cumprimentos poéticos
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