terça-feira, 21 de março de 2023

Não durmo ainda


 
Só na cama
o tempo
ainda é meu
como a palavra

Discretamente
me agito
no colchão

Não penso em Deus
na morte
Imprimo
Aqueço-me
Escuto
conservo a posição

A Elsa dorme

Só na cama
o tempo ainda é dela
como um fruto

Autor : António Reis, in 'Novos Poemas Quotidianos'
Imagem Natalie Kapushenko

3 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Poeticamente perfeito
.
Saudações poéticas.
.

brancas nuvens negras disse...

Ter alguém ao lado que respira.

Cidália Ferreira disse...

Poema belíssimo!!
.
Mas o mar, é sempre a fonte da ilusão.
.
Beijo. Boa noite!