Este é um dos lugares (ou parte alguma?)
que nunca esperei ocupar ou ver sequer;
alheio em tudo, igual a tantos outros
que breves soube e de que nada guardo.
Um só espaço em verdade me pertence,
- meu berço, meu texto, meu legado:
a casa que é a mãe e viverá
enquanto eu não abdique do seu sangue.
Lá estou e serei: sou as paredes,
a escuridão que a procura e adormece,
sublimando-a tanto como a luz,
trave do seu lar frio e seu apelo,
pelas janelas vendadas defendida.
Batei à porta, chamai do seu jardim
devastado até não me ser senão lembrança:
lá dentro, responderei, embora aqui,
desde sempre à espera de ninguém.
Autor : José Bento, in 'Silabário'
Imagem : Ragne Sigmund
2 comentários:
Foto muito intrigante. Poema deslumbrante.
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Cumprimentos. Bom fim de semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Um poema magistral. Imagem muito sedutora! :))
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O Pôr do sol na mais pura sedução
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Beijos. Bom fim de semana
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