Deixa-te estar na minha vida
Como um navio sobre o mar.
Se o vento sopra e rasga as velas
E a noite é gélida e comprida
E a voz ecoa das procelas,
Deixa-te estar na minha vida.
Se erguem as ondas mãos de espuma
Aos céus, em cólera incontida,
E o ar se tolda e cresce a bruma,
Deixa-te estar na minha vida.
À praia, um dia, erma e esquecida,
Hei, com amor, de te levar.
Deixa-te estar na minha vida.
Como um navio sobre o mar.
Autor : João Cabral do Nascimento
Imagem : vaggelis fragkakis
1 comentário:
"Deixa-te estar na minha vida" diz o poeta, que é como quem diz "apesar da agitação e do sofrimento quero-te na minha vida". Poeta com alma de poeta... sofre.
Um abraço.
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