A tua boca ainda ressoa no eco do quarto (são
palavras que ficaram bordadas na pele, perdidas
na bainha dos lençóis que as noites brancas
enxovalharam) como restos de um beijo que perduram nos retratos.
Ficou o teu perfume quando abro o livro de poemas que
deixaste por ler, o mesmo que largaste ao lado do candeeiro
que de tão cansado já não vive. Não há luz que resista ao
desencanto de uma cama, ao suor lavado e à voz morta de um
corpo que emerge do vazio e se ilustra no frio das cinzas.
Não fechaste a porta antes de sair e por momentos achei
que as palavras largadas ao acaso regressariam contigo.
Mas não, escusaste-me ao som desse adeus.
Autor : Carla Pais
Imagem : Zayats Alexey
2 comentários:
Poema brilhante ... foto deslumbrante
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Cumprimentos poéticos.
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Poema: “” Quero sempre dizer que te amo ””…
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A boca, o perfume, o corpo... a saudade.
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