deixei há muitos anos de
ter medo do ridículo. Sorte
minha ter encontrado talvez
alguns alguéns que não acharam
muito ridículo o que eu dizia. Aliás
nada é mais ridículo do que tudo
que é muito humano: defecar
em fraldas nos primeiros tempos de
vida ( e muitas vezes nos últimos). Ter
de trabalhar para poder comer ou
vice-versa. As bodas nupciais e os
prováveis antónimos. Os exércitos as igrejas
os parlamentos e no final as nossas
necrópoles com pindéricos retratos
de esmalte apostos em tabuletas de
mármore igualmente pindéricas. E mesmo
a nova moda de derreter o morto até às cinzas
esse copianço hindu que em nós resulta
num morto mais portátil e mais fácil
de esquecer
é como todas as coisas humanas
ridícula.
Autor : Inês Lourenço,
Imagem: Brian Oldham
1 comentário:
Um poema corajoso.
Um abraço
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