sábado, 7 de novembro de 2020

Até à morte eu me atormentarei

 

Até a morte eu me atormentarei
Pelo que descobri e não encontrei,
Pelo que, pascaliano como sou,
Eu compreendi, e ainda assim maldigo.
Sou o idiota mais perfeito, aliás,
Por feito mais de carne que de gás.
É esse o fado que me leva adiante,
Num mundo para o qual não sou prestante.
Tudo o que tenho as mulheres me deram,
Consolação, razão para existir.
Benditas Berenices, Beneditas.
Também sejam benditos meus amigos,
Pois gosto deles, tenham longa vida,
E até eu mesmo que não a mereço,
Mas que a observo e sei qual é seu preço. 

Autor: João Ubaldo Ribeiro
Imagem: Kyle Thompson

2 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

A pedir uma reflexão profunda.
.
Fim de semana feliz

Cidália Ferreira disse...

Um poema maravilhoso!! :))
.
Agora, que tudo fecha, até se cortam os laços
.
Beijo, e um excelente fim de semana.
Proteja-se...