quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Final

 


De mãos escassas nuas a flor frágil
renasce sem motivo senão vê-la
tardia nos caminhos
que até aqui me trouxeram, e a surpresa,
a nitidez dos colos tranquilos
onde as searas são o dia-a-dia
já maduras e a estrada que entre os campos
me leva desconheço hoje para onde
nem como nem porquê entre cidades
e plainos navegando e vendo as árvores
e o seu perfil exacto contra o céu.

Digo-me tanto aqui hei-de passar
que um dia o silêncio se abrirá
no rasto que existia na memória
e as lembranças se irão, morto estava
o desejo de flores e as mãos escassas
preparavam o seu fim
sem que a pena ou o medo as desviasse.

Autor : Nuno Dempster

3 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Insistir no caminho até as flores brotarem.

- R y k @ r d o - disse...

Foto e poema deslumbrantes. Perfeita harmonia poética
.
Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Paula Saraiva disse...

Lindíssimo poema que tanto gostei
Beijinhos