Guardas as estações do sol e as harpas.
Os perfumados símbolos da terra cantam
no primeiro verão do olhar.
As mãos levam-te a vasos de margaridas brancas,
sinuosos e claros oceanos.
Sentas-te à mesa da tribo e repartes o pão.
Um homem que ama nas sombras o fulgor e as essências,
nunca chega tarde aos degraus da alegria, dizes,
o cheiro do vento e do trigo entre os dedos.
Não podes morrer contra o sonho contando as lágrimas,
a face reflectida nos espelhos da alma.
Nunca partas dessa casa onde cresce agora
a voz das crianças, os templos da sua inocência,
as mais bravas e fragrantes ervas do amor.
Queres, eu sei, esse mar, a breve cama dos pombos
quando se abrigam nos rumores.
Não há maior orfandade que chegar à ternura
sem palavras.
Autor: Eduardo Bettencourt Pinto
Imagem : Viktor Dikanchev
1 comentário:
Bom dia:- Inteligência poética no seu mais belo esplendor. Poema magistral, divino.
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Feliz fim de semana
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