Debaixo do colchão tenho guardado
o coração mais limpo desta terra
como um peixe lavado pela água
da chuva que me alaga interiormente
Acordo cada dia com um corpo
que não aquele com que me deitei
e nunca sei ao certo se sou hoje
o projecto ou memória do que fui
Abraço os braços fortes mas exactos
que à noite me levaram onde estou
e, bebendo café, leio nas folhas
das árvores do parque o tempo que fará
Depois irei ali além das pontes
vender, comprar, trocar, a vida toda acesa;
mas com cuidado, para não ferir
as minhas mãos astutas de princesa.
Autor : António Franco Alexandre
Imagem:Aldara Ortega
1 comentário:
Boa tarde:- E assim, divinamente, escreve uma poetisa de eleição. Poema lindo demais.
Nota: Antigamente guardava-se debaixo do colchão as poucas notas/dinheiro que sobravam e, não o coração, lol. Outros tempos, não é mesmo?
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Cumprimentos poéticos
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^^^ Pensamentos e Devaneios Poéticos ^^^
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