quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

depois do amor


às vezes, depois do amor, 
quando feras dóceis rondam o nosso sono, 
e afastam os passos dos teus amantes, 

às vezes, quando me encosto à nudez, exausto, 
e tomo o peso às tuas palavras, 
e fico sempre devedor, 

às vezes, quando me inventas um nome 
para que a madrugada chegue 
e eu não tenha de morrer nunca mais, 

às vezes, penso no deus que te perdeu, 
e choro, às escondidas, por ele. 

Autor : João de Mancelos 
Imagem : Alex Stoddard

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