quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

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A primeira vez que morremos
morre também o para sempre 
de cada morte.

Partimos para um lugar
onde as paredes são espelhos quebrados. 
E por cada fresta de reflexo vazio
passam todas as dores. 

Insinua-se a realidade nas pálpebras 
e no ventre. 

Como dói acordar do sono branco...

Quando se regressa
não somos menos 
mas mais um outro
cujas mãos cumprem o seu propósito 
de rasgar nuvens
alheias à luz que escondem. 

Depois há a memória
que sempre resiste às pressas do tempo. 
Porque sempre lembramos o dia
em que deixamos de falar 
com os peixes
as pedras e os pássaros 

e inventamos um deus que nos escute.

Autor : Sónia M
Imagem : Bree Rivers

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