A primeira vez que morremos
morre também o para sempre
de cada morte.
Partimos para um lugar
onde as paredes são espelhos quebrados.
E por cada fresta de reflexo vazio
passam todas as dores.
Insinua-se a realidade nas pálpebras
e no ventre.
Como dói acordar do sono branco...
Quando se regressa
não somos menos
mas mais um outro
cujas mãos cumprem o seu propósito
de rasgar nuvens
alheias à luz que escondem.
Depois há a memória
que sempre resiste às pressas do tempo.
Porque sempre lembramos o dia
em que deixamos de falar
com os peixes
as pedras e os pássaros
e inventamos um deus que nos escute.
Autor : Sónia M
Imagem : Bree Rivers
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