quarta-feira, 24 de julho de 2019

NEM TODO VERBO

nem todo verbo
há de sangrar
na vértebra
também com anestesia
se há de se ir
dissecá-lo

para que não se perca
a parte dentro do nome
o que se desgruda por último
a margem ao redor do nome
o que perscruta em nossa boca
a ausência do pronome

 Autor  : Vera Lúcia de Oliveira
(Do livro A chuva nos ruídos, Escrituras, 2004, São Paulo (Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, 2005).
Imagem : Lora Zombie

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