Desmancho as tranças da menina
e os meus dedos tremem
medos nos caminhos
repartidos de seus cabelos.
Lavo o corpo da menina
e as minhas mãos tropeçam
dores nas marcas-lembranças
de um chicote traiçoeiro.
Visto a menina
e aos meus olhos
a cor de sua veste
insiste e se confunde
com o sangue que escorre
do corpo-solo de um povo.
Sonho os dias da menina
e a vida surge grata
descruzando as tranças
e a veste surge farta
justa e definida
e o sangue se estanca
passeando tranqüilo
na veia de novos caminhos,
esperança.
Autor : Conceição Evaristo
no livro “Poemas da
recordação e outros movimentos”. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.
Imagem : Jasmeine Moonsong
1 comentário:
Um poema fantástico :))
Hoje:-Cumplicidade mutua do nosso sentimento. |Poetizando e Encantando|
Bjos
Votos de uma óptima Sexta-Feira
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