Nas estantes os livros ficam
(até se dispersarem ou desfazerem)
enquanto tudo
passa. O pó acumula-se
e depois de limpo
torna a acumular-se
no cimo das lombadas.
Quando a cidade está suja
(obras, carros, poeiras)
o pó é mais negro e por vezes
espesso. Os livros ficam,
valem mais que tudo,
mas apesar do amor
(amor das coisas mudas
que sussurram)
e do cuidado doméstico
fica sempre, em baixo,
do lado oposto à lombada,
uma pequena marca negra
do pó nas páginas.
A marca faz parte dos livros.
Estão marcados. Nós também.
Autor :Pedro Mexia
Imgem : Nicole Burton
3 comentários:
Lindo de ver e ler. Deixo o meu elogio
.
Saudações cordiais … um dia feliz.
.
Pensamentos e devaneios poéticos
.
Um poema sobre um facto comum.
Vamos aos poucos limpando as nossas marcas, quando a sabedoria dos livros nos ilumina a mente e faz florescer o coração
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