Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua não faz nem o sol pode:
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou ventos de cabelos que sacode.
Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O céu pontua de ninhos e de cantos,
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.
Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve,
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.
Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me doi de mágoas e assombros.
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros.
Autor : José Saramago
Imagem : Andrea Kiss
3 comentários:
Grande Saramago, talento em tudo o que escrevia.
Lindo poema que adorei.
Beijinhos
Muito bonito!!
-
Coisas de uma Vida
Beijos, e um excelente fim de semana.
Enviar um comentário