Todos os dias viajo para a culpa.
É lá onde trabalho, movendo e removendo
juízos e vergonhas, vergando-me nas margens
do rio tenebroso. Depois liberto as faces
lavadas nas passagens, estendo inteiro ao sol
o manto, a envoltura, a translúcida mortalha
que ilude o meu rubor. Viajo para a culpa
e regresso ao fim dos dias, a tempo dos crepúsculos
e do corpo de repouso. Já amo esta viagem
que segura o meu amor, a inteligência canta
todo o dia de canseiras. Assim trabalho ao sol
fazendo por que a vida não me seja inimputável.
Autor : Carlos Poças Falcão
Imagem : Dariusz Klimczak
2 comentários:
Excelente poema. Obrigada pela partilha! :)
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Nunca percas, esse sorriso meiguinho ...
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Beijos, e um excelente fim de semana :)
Muitos de nós vivem esse momento diário sem que o confessem, como fez o autor.
Um abraço
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