quinta-feira, 8 de julho de 2021

Tarde de Chuva


Cai com a cadência
dos poemas brancos,
das sonatas nascidas
de beijos secretos e noites de luar.

Se as margaridas riem
e cantam sob graça tamanha,
quatro pombos de asa agitada
empurram-se no estreito friso
da casa que tomou às rosas a cor.

Um melro, mais dado a festejos,
equilibra-se num ramo,
cantando uma primavera
de espigas e papoilas ao vento.

Mas a velha senhora,
espantada na sua solidão,
só pergunta às nuvens:
quem de vós me roubou as lágrimas?

Autor : | Pedro Belo Clara
Imagem : Laura Lee Zanghett

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

A chuva, quando em situações de solidão, pode ser deprimente.

Cidália Ferreira disse...

Fabuloso poema! Obrigada pela partilha :)

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Vestida, numa sensualidade vertiginosa
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Beijos, e um excelente dia:)