Ainda bem
que não morri de todas as vezes
que quis morrer – que não saltei da ponte,
nem enchi os pulsos de sangue, nem
me deitei à linha, lá longe. Ainda bem
que não atei a corda à viga do tecto, nem
comprei na farmácia, com receita fingida,
uma dose de sono eterno. Ainda bem
que tive medo: das facas, das alturas, mas
sobretudo de não morrer completamente
e ficar para aí – ainda mais perdida do que
antes – a olhar sem ver. Ainda bem
que o tecto foi sempre demasiado alto e
eu ridiculamente pequena para a morte.
Se tivesse morrido de uma dessas vezes,
não ouviria agora a tua voz a chamar-me,
enquanto escrevo este poema, que pode
não parecer – mas é – um poema de amor.
Autor : Maria do Rosário Pedreira
Imagem : Xénia Lau
2 comentários:
Ainda bem que eu estou vivo para assim ter o privilégio de ler tão sublime poema de amor.
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Cumprimento fraterno
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Fantástico poema! Amei :) 🌹
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O silêncio incita o coração...
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Beijos e uma boa noite!
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