terça-feira, 15 de setembro de 2020

A Palavra


Não sei que é feito delas: as palavras 
para onde fugiram ? recolheram
a que lugar distante… e, sem as ver,
sinto um vazio em mim feito de nada.

À minha beira permanecem sempre
à espera que eu as chame ao meu convívio - 
e ei-las ali silenciosamente 
aguardando de mim o desafio.

E relanço o olhar à minha volta 
e mesmo tu me surges tão diáfana
que já nem sei se tu, tempo sem horas, 
só foste em minha vida vã palavra.

Autor : Antonio Salvado
Imagem: Alex Stoddard

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

António Salvado é um poeta que eu muito prezo e que não tem a merecida projecção. É de justiça que o relembremos como fez agora publicando um seu poema. Obrigado, obrigado.

Guiomar Lobo disse...

Belíssima reflexão...em timbre poético.
Bela imagem que lhe subjaz ...
Amei