Claro que não. Nada disto encoraja ninguém.
O silêncio, que às vezes era sinónimo de paz,
aguarda agora outros sons, escondido na violência.
O silêncio, que às vezes era sinónimo de paz,
aguarda agora outros sons, escondido na violência.
A pessoa que passa na rua pela pessoa, faz por não
existir.
Se calhar tinha expressão de linho, e agora está uma estopa.
Se calhar tinha expressão de linho, e agora está uma estopa.
Os minutos mudaram de sangue. Já não conseguem
circular.
As veias parecem cheias de um líquido que o futuro talvez mate.
Há canções,por todo o lado, à beira de morrer.
As veias parecem cheias de um líquido que o futuro talvez mate.
Há canções,por todo o lado, à beira de morrer.
E perante isso, alguns morrem daquela outra coisa já
prevista.
E outros, pela primeira vez, se sentem solidários e com desejos
de loucura, por terem sido sempre tão normais.
E outros, pela primeira vez, se sentem solidários e com desejos
de loucura, por terem sido sempre tão normais.
Agora a única hipótese é olhar para a prosa como se
fosse poesia, olhar
para a vida como se fosse música possível
e ainda totalmente por compor.
para a vida como se fosse música possível
e ainda totalmente por compor.
Muitos pensam no passado. Quando ainda não havia
presente.
Quando um beijo não era ainda extra-terrestre.
Quando gritar ainda não chamava a atenção.
Quando a infecção ainda não fazia floreados no chão.
Quando um beijo não era ainda extra-terrestre.
Quando gritar ainda não chamava a atenção.
Quando a infecção ainda não fazia floreados no chão.
Somos tão frágeis como um beijo por dar, na palma da
mão.
Autor : MANUEL CINTRA. 2 de Abril de 2020
Imagem : Istvan Sandorf
2 comentários:
"" Somos tão frágeis como um beijo por dar, na palma da mão.
""
Tudo dito sobre a grandeza literária do poema. Delicioso de ler e muito assertivo sobre o que se está a passar nos dias de hoje
Cumprimentos
Muito bom escrito, tão bom que até ficou um poema.
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