quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Labirinto

Não haverá nunca uma porta. Já estás dentro.
E o alcácer abarca o universo
E não tem anverso nem reverso
Não tem extremo muro nem secreto centro.

Não esperes que o rigor do teu caminho
Que fatalmente se bifurca em outro,
Que fatalmente se bifurca em outro,
Terá fim. É de ferro teu destino

Como o juiz. Não creias na investida
Do touro que é um homem cuja estranha
Forma plural dá horror a essa maranha

De interminável pedra entretecida.
Não virá. Nada esperes. Nem te espera
No negro crepúsculo uma fera.

Autor : Jorge Luis Borges 
Trad.: Augusto de Campos
Imagem : Taylor Rayburn

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Por vezes já estamos no labirinto... sem dar por isso.

" R y k @ r d o " disse...

Imagem e soneto deslumbrantes. Grato pela sua partilha.
.
Bom fim de semana
.