quinta-feira, 18 de maio de 2023

Eu ateio fogo a estes jornais


Eu ateio fogo a estes jornais,
quase sem querer estou
dentro de alguém, discordo
em absoluto da necessidade
de termos tido de aturar
Freud. Não era decerto
isto o que queriam dizer
quando falavam da tal liberdade
dos poetas. Acontece que há poetas
e poetas, os direitos de uns

não são os direitos de outros.
O único território que, sem ser
sistema, maneja o fundamento
da justiça em a-propósito
radical. Podes atirar os pensamentos

na fácil confusão destas palavras
ou mesmo achá-las muito claras
mas servirás o mundo
como o não-servir e na atitude
humana aguardarás o impossível.

Autor : Helder Moura Pereira
em Amor Carnalis, Lisboa: frenesi, 1998.

3 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Um poema deslumbrante, muito bem conjugado pela imagem.
.
Saudações cordiais e poéticas.
.

Cidália Ferreira disse...

Um poema intenso. Adorei :))
.
Abro a cortina de sorriso no rosto
.
Beijos. Boa tarde!

brancas nuvens negras disse...

Os poetas são livres ao mesmo tempo que são prisioneiros da sua função.
Um abraço.