terça-feira, 23 de novembro de 2021

Gosto das noites frias de inverno

 


Gosto das noites frias de inverno
quando não estás. Escuto
canções de homens cansados de cantar
e vejo como a solidão
se dispersa no fogo lento da lareira.
Ou releio poemas que me falam das águas
do coração e das suas marés,
amontoo pratos e talheres no lava-loiça,
abro a última garrafa
de um vinho precioso.

Nas outras noites de inverno,
quando estás, nada de semelhante acontece.
A casa mantém-se sóbria, silenciosa,
perplexa. Por isso, desligo as luzes
e ponho-me a seguir os traços
contínuos do teu rosto no escuro,
depois da morte de deus
parece impossível mas a luz irrompe ainda
onde nenhum sol brilha.

Autor : Luís Filipe Parrado
Imagem : christiane vleugels

5 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Confesso que gosto mais das noites quentes de verão. Mas gostei da imagem e do poema que... me fez sentir quente embora seja frio.

Cumprimentos

Cidália Ferreira disse...

Maravilhoso poema, como sempre! :))
-
Procuro as ondas de qualquer olhar
-
Beijo e uma tarde feliz!

brancas nuvens negras disse...

Esse é um prazer ao contrário. Existe, sim.
Um abraço.

Paula Saraiva disse...

Poema lindíssimo.
Beijinhos

© Fanny Costa disse...

Eu gosto das noites de inverno, daquelas junto à lareira, com um bom livro, uma bebida quente. Às vezes a companhia não é necessária, quando aprendemos a confraternizar na nossa solitude.
Um beijinho