sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

No íntimo de nada

Não há mundo que lhe caiba na agrura da boca,
nem caminhos que lhe reparem nas solas usadas
que os pés devoraram – são as ruelas acabadas
pelo silêncio dos gestos que lhe dançam nos olhos
a cada anoitecer, são os vultos adormecidos à soleira
das portas vazias que carrega nas palavras que desconhece
tal como as estrelas mortas na escuridão escusam o céu.

Assim é ela – presa naufragada no íntimo do nada. Que seja!

Autor : Carla Pais
Imagem : anna derhanovskaya

2 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Uma definição poética de alguém. Muito bonito.

- R y k @ r d o - disse...

Foto e poema deslumbrantes que me fascinou o ego, ver e ler
.
Feliz fim de semana… cumprimentos cordiais.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.