quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Ode da Liberdade II


devíamos criar uma cidade nova
livre
desde as pontas dos dedos
as estradas
à polpa das palmas das mãos
as muralhas
até ao centro histórico
para nela vivermos séculos sem fim
e mergulharmos nos rios as linhas do destino.
.
devíamos criar uma cidade livre
nova
desde o vulcão
o nosso repouso em labaredas
para um primeiro beijo
fora do território nacional
até à lonjura da maior viagem
dormirmos na pousada
que abriga tectos em estrelas
com os olhos fechados
trocados
numa nova cidade
até sermos ilha.
.
quando regressássemos
morávamos
na nossa grande casa da árvore
cravejados de folhas
pássaros e beijos
as mãos um do outro
polpa de maçã
só à espera de ver nascer
a madrugada debaixo dos braços
para o último arrepio
de todos os tempos
.
amarmo-nos.
.
Autor : Ana Salomé In "odes"
Imagem : Carla Coulson

3 comentários:

" R y k @ r d o " disse...


Uma cidade nova? Não será mais um mundo novo que precisamos?
Belo poema que amei ler.
.
Saudação poética
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Cidália Ferreira disse...

Um poema maravilhoso! :)
-
Cansada de olhar o horizonte
-
Beijo e excelente dia!

Mário Margaride disse...

Lindíssimo poema!
Seria fantástico, se cada um de nós pudesse escolher o nosso castelo, a nossa árvore, ou porque não, o nosso mundo imaginário para vivermos em paz? Que bom seria.
Gostei muito!
Beijinhos!