terça-feira, 11 de outubro de 2022

Quando eu partir

Quando eu partir, quando eu partir de novo
A alma e o corpo unidos,
Num último e derradeiro esforço de criação;
Quando eu partir...
Como se um outro ser nascesse
De uma crisália prestes a morrer sobre um muro estéril,
E sem que o milagre se abrisse
As janelas da vida...
Então pertencer-me-ei.
Na minha solidão, as minhas lágrimas
Hão de ter o gosto dos horizontes sonhados na adolescência,
E eu serei o senhor da minha própria liberdade.
Nada ficará no lugar que eu ocupei.
O último adeus virá daquelas mãos abertas
Que hão de abençoar um mundo renegado
No silêncio de uma noite em que um navio
Me levará para sempre.
Mas ali
Hei de habitar no coração de certos que me amaram;
Ali hei de ser eu como eles próprios me sonharam;
Irremediavelmente...
Para sempre.

Autor : Ruy Cinatti
Imagem : Erwan Atwood

3 comentários:

  1. Elogiável harmonia poética. Lindo de ver e ler.
    .
    Abraço poético.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
  2. Ry Cinatti llega a la clarividente conclusión de que nuestro recuerdo permancerá en aquellos que nos han amado y la conclusión es: no es eterna nuestra vida.

    -Abrazos de admiración y de respeto por su tarea.

    ResponderEliminar
  3. Um poema muito bonito!! Obrigada pela partilha!

    -
    Entre os muros, a solidão, e o desejo
    .
    Beijos, e uma boa noite!

    ResponderEliminar

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!