terça-feira, 13 de abril de 2021

O Olhar de Ver

 


Em tudo o que tu vês eu moro aí,
em tudo o meu olhar a ti só vê -
conforto de presença tão contínuo
que não sabe onde surge onde termina
dentro do modo o tempo deste ver.

Nem eu alcanço outro horizonte além,
nem tu aqui outra maior distância -
e os olhos bem juntinhos não se lembram
de sentirem em si diverso alento
que não seja - a tremerem - a constância.

Por isso como um lanço os nossos corpos
ignoram qualquer 'spaço que os separe -
muito encostados poros sobre poros
olham apenas o prazer que é nosso
com mais desejo encima até fartarem.

Autor : António Salvado
 in O Sol de Psara 

4 comentários:

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!