quarta-feira, 14 de abril de 2021

Desculpa meu amor

 

Fogem-me as palavras que usaria nesta folha para te falar de amo.
 Talvez, no fundo, as palavras nunca tenham
existido, talvez não passem de invenções delicadas que o
amor nos oferece a cada intervalo de silêncio – desculpa

meu amor não ter nascido com o dom de tecer as palavras certas
para construir poemas que te enobreçam a alma,
ou que te aliviem o cansaço dos olhos, pois isso, já outros o fizeram;
os poetas abandonados à leveza das penas que trouxeram ao papel

todas as dores do mundo e mais as nossas. Desculpa meu amor,
mas as palavras teimam em debandar-se e não sei se voltarão depois,
suspeito que o amor não se escreva hoje como outros o escreveram, e,
por assim ser, o gastaram como gastamos nós todas as páginas em branco

que teimosamente desejamos escritas.

Autor  : Carla Pais

1 comentário:

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!