Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante
o sono - a ausência não te apaga como a bruma
sossega, ao entardecer, o gume das esquinas. Há nos
meus sonhos um território suspenso de toda a dor,
um país de verão aonde não chegam as guinadas
da morte e todas as conchas da praia trazem pérola. Aí
nos encontramos, para dizermos um ao outro aquilo
que pensámos ter, afinal, a vida toda para dizer; aí te
chamo, quando a luz me cega na lâmina do mar, com
lábios que se movem como serpentes, mas sem nenhum
ruído que envenene as palavras: pai, pai. Contam-me
depois que é deste lado da noite que me ouvem gritar
e que por isso me libertam bruscamente do cativeiro
escuro desse sonho. Não sabem
que o pesadelo é a vida onde já não posso dizer o teu
nome - porque a memória é uma fogueira dentro
das mãos e tu onde estás também não me respondes.
Autor : Maria do Rosário Pedreira, in 'Nenhum Nome Depois'
Imagem : Ricardo Fernandez Ortega
Infelizmente também já não tenho, fisicamente, junto a mim oi meu querido Pai. Mas onde ele estiver, acredito, que estará olhando por mim.
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Cumprimentos poéticos.
( Feliz dia do Pai )
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Um sentido poema, Maria do Rosário Pedreira toca os nossos sentimentos.
ResponderEliminarObrigado. Um abraço.
Fantástico, belo!!
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Entre o silêncio das palavras
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Beijo, e um excelente fim de semana.