quinta-feira, 16 de julho de 2020

talvez



talvez te encontre um dia
tarde, de noite, demais, 
rodeado de livros e de rugas
escritas uma a uma sangue a sangue. 

talvez eu chore, talvez tu.
seja qual for, terá valido a pena 
de pato, ainda plantada
na asa ou já gasta de escrever. 

virei nu.
hei-de atirar-ta 
à cara essa nudez
que trago sempre no fundo 
e me tem saído
caro. 

caro com um beijo.
à cara como um beijo 
depois.

Autor Manuel Cintra
in Bicho de Sede, Lisboa, Ulmeiro, col. Imagem do Corpo nº 31, 1986: 9, 28, 33 e 34.

2 comentários:

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!