terça-feira, 12 de novembro de 2024

Regresso

Há muito que parti.
Abandonei as searas onde nunca vi os
desígnios de deus.
Abandonei a fé.
Caminhei sem destino,
procurei a árvores secreta dos irmãos,
e, com saudade e desvario, abandonei as casas.

Escondi-me.
Escondi o último verso numa noite sem fim.
E hoje escrevo para ti que às vezes me escreves,
do outro lado das terras.
Conhecerei um dia as falésias onde o garajau
paira,
quando chegar, pelas madrugada,
às portas do teu sonho?

De pé, sobre o promontório,
olhas para longe, para os meus barcos que
naufragaram.

Autor : José Agostinho Baptista
quatro luas
Imagem : Jerome Berbigier

1 comentário:

  1. Intenso, profundo, poderoso. Mesmo pelo amor, nunca se deve abandonar os nossos ideais e a nossa fé,
    Gostei da mensagem do poema
    ,
    Saudações cordiais e poéticas
    .

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Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!