Chovia.
No bosque os pequenos ruídos de folhas de água
deslizando verde.
Chovia.
E eis que a límpida brancura se raiou de fumo
brilhando uma ágata.
Surgiam do chão os ramos os troncos
os braços desenterrados
bocas de luz
candeias
chuva de oiro o canto
desfibrado húmus
húmido incendiado.
Um ser de sombra e de água
chovia.
Os anéis dos cabelos acesos intactos
adejando a hera as mãos negras
e as anémonas
um lago.
A cinza era o que restava
verde chuva
alada
passagem rubra.
Autor : Ana Mafalda Leite
Imagem : Korinne Bising
AAna Mafalda Leite nasceu em Portugal em 1956, tendo vivido em Moçambique (Tete-Moatize) até aos dezoito anos. Professora na Universidade de Lisboa, especializou-se em Literaturas Africanas. Ensaísta, tradutora e poeta, estreou-se na poesia com Em Sombra Acesa (1984). Tem colaboração dispersa em vários jornais e revistas. Traduziu obras de Roland Barthes, Tzvetan Todorov e prefaciou obras de vários poetas.
Bom dia:- Imagem e poema, deslumbrantes.
ResponderEliminar.
Cumprimentos amigos.
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A chuva deprime, entristece.
ResponderEliminarUm abraço.