Eras um sustento,
eras um segredo,
uma feroz tentativa.
Eras a roupa do corpo
feito estandarte
a caminho de casa
e as tuas mãos metade das minhas.
Eras um fascínio,
eras um fracasso,
eras a chama que nunca te queimou,
o sul, o sufoco,
a madrugada.
Eras um tumulto
de éguas e galgos,
a minha impaciência,
o meu verde vivo.
Eras o que nunca podias,
assombração sem fantasia
descalça e abrigada,
loureiro da Aquitânia.
Eu era o viúvo, o tenebroso,
consolado na água
que de súbito secou.
Eras o que foste,
metáfora do que eu
tanto te quis.
O fogo, o ferro, o futuro.
Autor : Pedro Mexia
Imagem : Katharina Jung
Ouço a voz e a respiração do Mexia a dizer o seu poema.
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