quinta-feira, 11 de julho de 2024

O Destino

 

Não tive a má intenção de te prender
à minha vida. A música, o álcool,
todo o ouropel da noite, eu só quis
sossegar por algum tempo a dúvida

que me castigava, antes que a manhã
chegasse e a aranha do remorso
descesse pelo seu alimento à mesa
do pequeno-almoço. Batemos

à mesma porta e chamaste destino
ao acaso. Zelava por nós, entre
as eléctricas estrelas, o pequeno deus
do amor? Era o que trazia ao peito

a divisa da derrota universal? Como vês,
foi sempre outra, e inútil, a minha
fé - mas perdoa, se puderes, o pouco
que soube fazer pela solidão dos dois.

Autor : Rui Pires Cabral
Imagem : Anthony Garcia

1 comentário:

Agradeço muito o feedback .
Mas, não comente se não leu, e por favor não deixe copy-paste.
Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!