Quando na delicadeza daquela manhã
acordei com a espuma do teu mar
senti na pele o grito das gaivotas e
a tua fome infindável de voar na vertigem
dos álamos através das janelas do corpo.
Senti o pranto das giestas no orvalho
desnudado da tua boca, o húmus
aceso do perfume lento onde cantam
as tílias e as névoas todas despidas.
Tive em ti o mastro, os escombros
do meu cais e o teu corpo semeou-me
pomares de desejos aonde a palavra
Amor sorriu nos braços das frutas.
Amei a sede dos teus sonhos em
escarlate e cinza, o mosto da tua
pele decifrada e toda a mudez
penetrante das paredes dos teus
olhos como dois jacintos suspensos
nos pequenos lábios das águas.
Por ti, os lugares da lua voltaram
de novo e no teu corpo ficou quieto
o resto da minha vida e a noite que vem.
Autor : © António Carlos Santos
Imagem : Nicole Burton
O corpo, o lugar da concretização material do amor.
ResponderEliminarUm abraço.
Foto e Poema, deslumbrantes. Feliz fim de semana
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