Perdi-te e nunca foste meu,
perdi-me de ti como num desejo
éramos só os dois: tu e eu,
éramos alma, éramos lampejo.
Possuí-te em sortilégios secretos
na minha pele, na carne e no meu sangue
eras o rio profundo do afetos
onde mergulhava e emergia exangue.
Em ti derramei lágrimas de espantos,
gargalhadas cálidas e anseios
pois que eram para ti todos os meus cantos
de pele, de alma e coração cheios.
Lembro-te na memória dos meus dias,
na vida que almejava e se logrou.
És agora sombra das minhas noites frias,
Aquela sombra cujo vento olvidou.
Ficaram palavras inacabadas
num sonho que por ser, ficou desfeito
em longas e eternas alvoradas.
Esqueço-me de ti de manhãzinha
quando o sol reabre a minha porta
e me chama por me julgar morta.
E nunca foram ditas as palavras
que silenciassem madrugadas...
Autora : Tereza Brinco Oliveira
in "O Riso Rasgado do Tempo", 2011, Edita-Me Edições Lda.
Imagem :Amelie Berton
Nunca podemos tomar algo como definitivo.
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