Basta estar vivo
pra ser subversivo.
(Ou subservivo).
Basta não figurar
no registro civil
pra ser incivil.
(Ou vil, pra encurtar a palavra).
Basta ser incivil
pra não ser ninguém.
Basta não ser ninguém
pra ter o apelido
que a polícia dá
a quem não é ninguém.
Tinha eu dois nomes:
Zebedeu,
que a miséria me deu.
E “elemento subversivo”
que a polícia me deu.
E apenas uma dor:
a que a vida me deu.
E eis-me aqui, incivil
(ou vil, pra encurtar a palavra).
Uma patada de cavalo
em meio do comício
e eis-me aqui, estendido em decúbito
dorsal.
(Ou já cortado ao meio,
sem dor, nem sal).
Autor : Cassiano Ricardo
Montanha-russa (1960)
Imagem : Mariusz Lewandowski
Muito criativo, muito actual em que vemos lá ao longe a necessidade de ter de lutar pela dignidade dos povos. E nós, cada um de nós, é o povo.
ResponderEliminarUm abraço.
Trocadilhos entre palavras que gostei de ler.
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos. Um dia feliz.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Excelente poema. Obrigada pela partilha!!
ResponderEliminar.
Soltam-se as gotas, como sorrisos do rosto...
.
Beijo e uma excelente tarde.