terça-feira, 6 de julho de 2021

Teoria da Narrativa Familiar

 


Naquele tempo o meu pai trabalhava
por turnos
como herói socialista
no sector siderúrgico
e dormia com a minha mãe.
A minha mãe esfregava
a sarja encardida:
a água ficava da cor da ferrugem.
Havia, por perto, um cão
esgalgado,
sempre a rondar.
Depois, a minha irmã nasceu
e eu fui obrigado
a rever a minha mitologia privada do caos.
Entre uma coisa e outra
aprendi a mentir.
E isso, não sei se sabem, mudou tudo.

Autor :Luís Filipe Parrado
imagem ;Anne Scottlin

3 comentários:

  1. Uma ment5ira pode mudar no momento mas como se diz na gíria: A mentira tem perna curta. Mais tarde ou mais cedo a verdade, é como o azeite, vem sempre ao cima... e prevalece.
    Bonito poema.
    .
    Saudações … um dia feliz
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Boa noite!
    Um poema absolutamente fantástico!:)
    -
    Sãos teus olhos o mistério escondido
    -
    Beijos, e uma excelente semana.

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  3. Um bom poema, nesse caso mentir teria sido por falta de consciência de classe?

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Saudações Poéticas e que a Poesia viva sempre entre nós.
Muito obrigada!