quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Poema

 

                    

Esta a cabeça em fúria do poeta
como está nas fotografias tiradas de avião
depois de cair em chamas no mar de ninguém

estes dentes
o alfabeto doido com que vai escrever

e aqui está a sua mão direita
estátua de manhã e automóvel à noite
salvo acidente mortal

e eis os seus olhos
peixes verdes sem mar
a sua boca aquela voz horrível no deserto

os seus pés
dois príncipes encantados no palácio dos passos perdidos
antes de encontrar-te meu amor

Autor:  António José Forte
 In Uma faca nos dentes
Imagem :desconheço o autor

3 comentários:


  1. Ou seja: Era um vento sem rumo. Depois uma fresca aragem que refresca a alma e o coração.

    " Perdido na intempérie, encontra o rumo certo ao encontro do local onde nasce o sol ""
    .
    Abraço poético
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
  2. Sublime poema!
    A procura constante de um chão, de onde possa pousar em segurança...

    Bom fim de semana!

    Beijinhos!

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