É tarde. Está frio. Fixo o olhar sobre uma árvore da praça que tem um ramo partido. Não tardará muito. E o ramo cairá desamparado sobre o chão encharcado da rua. Um frio percorre todo o meu corpo como se fosse eu o ramo a cair,e como se ao cair ou quando isso acontecer, o mesmo acontecerá comigo.
Andas estranha, muito estranha. Por vezes nem sei quem és, diz ele. Pareces uma alienada. Sempre exausta. Sempre ausente, para aí a olhar para coisa nenhuma.
Passo as mãos pelos meus cabelos soltos, e não replico, não me apetece falar para quem não me concede atenção.
Levanto-me e meto-me na cama, embrulhada na manta polar, para esquecer realmente quem sou agora ou quem fui outrora.
Nessa noite sonhei com ele, tinha-me oferecido um ramo enorme de flores que eu agarrei sôfrega e fugi na noite.
Tive medo! Se me deu flores é que eu já morri.
Porque ele enquanto vivi,nunca me deu flores.
Autor : BeatriceM 2020-11-15
Imagem : Carla Coulson
Um texto de tristeza escrito por alguém que se sente depreciada. Melhores dias virão, melhores sonhos terão.
ResponderEliminarÉ trite quando alguém sente que está sozinha sem que alguém a ame, respeite, estime e ... agrade.
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Domingo feliz
Abraço
Por vezes os ramos partem-se, não porque estejam doentes, mas porque
ResponderEliminarsofrem agressões externas. E dos ramos, outros não olham e não comoreendem o quanto é o seu sofrimento interno.
Gostei muito deste poema a traçar uma
certa depressão e falta de compreensão.
Um beijo, amiga B. Saúde.
Que maravilha de publicação! :))
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Um rosto sombrio...
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Beijo e um excelente Domingo
Um texto triste, mas de rara beleza poética!
ResponderEliminarBoa noite e ótima semana!
Beijinhos!