nada os meus
olhos deixarão na cinza
das vastas folhas envidraçadas: nem
o astrológico número das horas
autorizadas pela autoridade e a sua penumbra.
a «penumbra da autoridade» vem vestida
de muitos horizontes com, aqui ou além, um barco
de velas estilhaçadas, ou a capa de um livro
de viagens na vitrina.
então o amor mistura-se com as coisas breves,
os pássaros, o rumor dos alicates na gaveta branca.
foi esta a sua história? esta canção pertence-lhe?
a «greve» alourou-lhe as sobrancelhas? este olhos
têm o plástico ao contrário. e o ruído
das torneiras no balde, mesmo
à beira do precipício,
é um inconveniente que convém manter
sob vigilância
Autor :António Franco Alexandre
em Poemas, Lisboa: Assírio & Alvim, 1996, p. 83.
Poeticamente lindíssimo de ler. A imagem é magistral de rara beleza.
ResponderEliminar.
Bom fim-de-semana
Abraço poético
Tudo é memória.
ResponderEliminar